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Série I O Exorcista

  • Foto do escritor: Lucas Hoffmann
    Lucas Hoffmann
  • 12 de set. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 8 de out. de 2019



É natural termos um pré-conceito de uma adaptação de um livro, seja para o cinema ou para televisão, ainda mais quando o tema em questão é bastante recorrente e fracassa na tentativa de apresentar uma nova narrativa que não transcende e se torna um produto fracassado, como é o caso de histórias envolvendo exorcismos, com exceção do clássico O Exorcista de 1973 de Willian Friedkin, adaptação do livro homônimo de Willian Peter Blatty. Ganhador de diversos prêmios, o filme é uma obra-prima do cinema e repercute até hoje na memória do público. Contudo, demorou muitos anos para que a obra ganhasse sua versão televisiva devido ao histórico negativo das tentativas anteriores.


"Ainda podemos prestigiar boas histórias de possessão demoníaca e exorcismos"

Porém, em 2016 os rumores de que O Exorcista ganharia um remake no formato de série de TV ganhavam força e, contrariando o que estava sendo especulado, foi apresentado uma história diferente da versão cinematográfica. De apenas duas temporadas, mas suficiente para ganhar a atenção do público, O Exorcista liga os acontecimentos do livro e do filme aos episódios de sua primeira temporada e numa proposta arriscada, mas que funcionou, a série trouxe em seu segundo ano novos casos de possessão demoníaca, mantendo a atmosfera do terror visual e psicológico já consolidado do universo de O Exorcista.


A primeira temporada apresenta o casal Angela (Geena Davis) e Henry (Alan Ruck) e suas filhas Katherine (Brianne Howey) e Casey (Hannah Kasulka), a família Rance. Frequentadores de uma pequena paróquia da cidade de Chicago, a família passa por uma fase conturbada. E como se os problemas familiares não fossem o bastante, a família começa a ser perseguida por uma entidade maligna. O alvo inicialmente é Casey, a caçula, que começa a apresentar sinais de possessão. Não demora muito para que o destino dos Rance cruze com o dos padres Tomas (Alfonso Herrera) e Marcus (Ben Daniels). A química entre o elenco evolui a cada episódio e faz com que você se importe com aqueles personagens e torce pra que tudo termine da melhor forma no fim. No decorrer dos episódios, os Rance passam por várias transições e resgates familiares e a cada capítulo você vai conhecendo mais sobre o passado dos padres Tomas e Marcus aprofundando as questões pessoais de cada um sem apelar somente para o a parte religiosa. Interessante, mas que também contribui para o crescimento da história, é que ambos os padres são totalmente divergentes ao padrão tradicional. Tomas é um padre que vive em constante negação quanto a um amor do passado e Marcus é um padre atormentado que carrega certo fardo pelos exorcismos que realiza. Neles temos a clássica relação de aprendiz e mentor.


A trama também abre espaço para o mistério envolvendo tráfico de órgãos praticado por uma seita misteriosa que utiliza os órgãos para criar cinzas que serão utilizadas em rituais de invocação demoníaca. Uma clara referência as constantes formações de seitas com rituais satânicos na vida real. Mas a grande surpresa da série está em seu quinto episodio quando uma grande reviravolta estabelece uma ligação direta com o filme O Exorcista. O fato acontece a partir do momento em que Angela faz uma revelação surpreendente ao padre Tomas revelando ser Regan MacNeil, a garotinha que outrora havia sido possuída anos atrás. A partir disso, você começa a entender o motivo da obsessão do demônio pela família Rance e por ter possuído Casey com o intuito de atingir a mãe. Trata-se do mesmo demônio do passado: Pazuzu que retornou para terminar o que não havia conseguido anteriormente. A temporada encerra o ciclo que iniciou em 1973 conseguindo trabalhar com eficiência em cima de uma franquia já estabelecida como O Exorcista mesclando o terror, medo, suspense e tensão.







Após seis meses dos acontecimentos envolvendo a família de Angela Rance, a série retorna em sua segunda temporada trazendo um caso diferente de possessão demoníaca e com Alfonso Herrera e Ben Daniels de volta aos seus papéis de padre Tomas e Marcus, respectivamente. Inicialmente a nova trama se divide em dois núcleos. Nos primeiros episódios os padres Tomas e Marcus se envolvem em um caso isolado de exorcismo. O curioso é que essa possessão acaba determinando o nível de envolvimento de um dos padres com as regras do exorcismo. Paralelo a isso somos apresentados a Andrew Kim (John Cho), e seu lar adotivo. No local, vivem Shelby (Alex Barima), Caleb (Hunter Dillon), Truck (Cyrus Arnold) e Verity (Brianna Hildebrand). Em um período recente, Andrew sofreu uma grande perda. Sua esposa Nicole (Alicia Witt) faleceu por circunstâncias misteriosas e as lembranças da falecida deixam Andrew em estado de muita fragilidade emocional e espiritual o tornando um alvo fácil para o mal que circunda a sua casa.


Em meio a tudo isso, o personagem constantemente se vê em conflito da possível perda das crianças em seu lar, caso a moradia e os serviços prestados não sejam devidamente aprovados por uma avaliadora. Inserir um núcleo juvenil foi um bônus muito positivo para a trama mantendo a atmosfera sombria e clima de medo e tensão da temporada anterior e também a maneira como os personagens são afetados pela figura demoníaca através de imagens ilusórias criando um mundo paralelo na sua imaginação. É então que os padres Tomas e Marcus entram em ação e sabemos que o mal assola há tempos o lar de Andy e que o objetivo da manifestação maligna é a destruição de lares familiares. Tomas e Marcus tem sua fé sendo testada a todo instante influenciando a maneira de como eles podem lidar com a presença demoníaca. Temos agora um padre Tomas mais forte e decidido a usar sua habilidade que lhe serve para combater o mal. Já o padre Marcus, o mais experiente e obcecado pelo trabalho como exorcista, demonstra mais sensibilidade em diversas situações.


Ainda que tenha encerrado de maneira precoce, era perceptível que a série, criada por Jeremy Slater, estava começando a percorrer um ritmo mais lento e sem recursos criativos para sustentar o roteiro. E isso poderia ser prejudicial, caso continuasse, colocando em risco todo o seu potencial alcançado até aqui. A série encerra de forma equilibrada e com desempenhos dramáticos bem convincentes restabelecendo que ainda podemos prestigiar boas histórias de possessão demoníaca e exorcismos.








Série: O Exorcista

Titulo original: The Exorcist

Estrelado por: Alfonso Herrera e Ben Daniels

Produzido por: Jeremy Slater

Ano: 2016 - 2017


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