Artigo I Black Mirror - episódio: Queda Livre

Criada por Charlie Brooker, a série de televisão britânica Black Mirror é conhecida por não ser uma série convencional e apresentar episódios desconexos, geralmente ambientados em um presente alternativo ou em um futuro próximo, e que satirizam a sociedade moderna em particular as consequências imprevistas das tecnologias. O atrativo de Black Mirror é justamente fazer com que o telespectador faça uma crítica da nossa realidade diária.

Dentre todos os episódios que já assisti, Queda Livre (Nosedive no original), o primeiro da terceira temporada, se encaixa perfeitamente nesse artigo. O episódio é um tapa na cara da sociedade e nos faz lembrar da invasão das redes sociais que vivemos atualmente e do quão perigosas podem ser para o nosso psicológico e pode nos tornar escravos dessas tecnologias. Quem não gosta de compartilhar momentos significativos da sua vida ou até mesmo algo simples, como uma refeição deliciosa no café da manhã, uma ida ao cinema com os amigos, por exemplo. Mas até que ponto isso deixa de ser uma ação natural e se torna uma ação superficial?

Protagonizado pela atriz Bryce Dallas Howard no papel de Lacie Pound, o episódio nos leva a um futuro próximo e "perfeito" onde pessoas bem sucedidas são aquelas populares nas mídias sociais e pra isso é preciso ter uma excelente avaliação, cujas notas vão de 0 à 5, através de um aparelho usado constantemente para ser aceito em uma sociedade que discrimina aqueles que possuem uma nota inferior. A personagem Lacie é viciada no aplicativo e seu objetivo é obter uma boa avaliação para que consiga financiar seu apartamento dos sonhos. Embora Lacie seja popular, ela não faz parte da elite. Mas a grande chance surge quando ela é convidada por Naomi (Alice Eve), sua amiga de infância, pra ser dama de honra no casamento, e ela, claro, não pensa duas vezes e aceita. Mas engana-se se a intenção aqui envolve apenas sentimento. Afinal, a festa estará cheia de pessoas com pontuações altíssimas. A oportunidade perfeita que Lacie precisava.

As situações do episódio são tão absurdas que as avaliações influenciam até mesmo a vida profissional das pessoas. Para se ter um ótimo emprego, é preciso ser bem avaliado. E se você socializa com alguém cuja nota é inferior a sua, as pessoas imediatamente te dão notas baixíssimas e você automaticamente se torna o excluído do grupo. Todos os personagens são incapazes de agir de forma natural, ajudar alguém em alguma situação difícil e de dizer o que pensam por medo de que sua pontuação caia. É uma sociedade plástica demais que prefere ignorar o problema e manter as aparências.

A crítica do episódio é basicamente mostrar a superficialidade que está impregnada no momento atual do mundo em que vivemos.

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