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Artigo I Mulan

  • Foto do escritor: Lucas Hoffmann
    Lucas Hoffmann
  • 30 de jul. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 8 de out. de 2019



Uma das animações mais queridas dos Estúdios Disney (e que fez parte da minha infância) ganhará um novo filme que chegará aos cinemas em 2020: Mulan. Mas apesar do alcance global que a animação ganhou ao chegar aos cinemas em 1998 por discutir o papel social esperado de cada gênero e como a personagem principal não consegue se ver na imagem da mulher casada e submissa, a história de Mulan já existia a muitos séculos.


Os relatos sobre a heroína começaram a ser contados em um poema folclórico chinês conhecido como "A Balada de Mulan". Datado do século VI da nossa era, durante a Dinastia Tang (618-907 d.c), conta-se que ela vestiu-se de homem para substituir seu pai idoso no exército e lutou por 12 anos na guerra contribuindo com vitórias significativas. Ao fim das batalhas, Mulan, ainda mantendo o disfarce de homem, foi recebida pelo imperador, que lhe ofereceu inúmeras recompensas e até mesmo um cargo político. Para a surpresa do imperador, Mulan recusa tudo que lhe foi ofertado. Tudo que a jovem queria era voltar pra casa e estar com sua família outra vez. Ao chegar em sua cidade natal, ela retira o seu disfarce e surpreende os demais guerreiros revelando que todos esses anos lutaram ao lado de uma mulher.



Embora Mulan seja uma das guerreiras mais lendárias da China Antiga, não se sabe se a história baseou-se em fatos verídicos ou se foi apenas uma criação para este poema chinês. Contudo, diz-se que ela teria vivido entre os séculos IV ou V da era cristã. Infelizmente, com o passar os séculos boa parte do conteúdo original foi perdido e a única versão escrita que restou dele foi incluído a uma antologia de canções e poemas compiladas por Guo Maoqian entre os séculos XI e XII. Além disso, uma outra história sobre Mulan foi escrita durante a dinastia Ming e em 1593 numa peça teatral em dois atos chamada “A feminina Mulan ou a Heroína Mulan vai para a guerra no lugar de seu pai”, do artista chinês Xu Wei.


“Suspiro após suspiro, Mulan tece diante de sua porta. Ninguém pode ouvir o som do tear, apenas os suspiros da pobre menina. Pergunte-a quem está em seu coração, ou quem está em sua mente.

Ninguém está em seu coração, e ninguém está em sua mente.

Ela viu os rascunhos militares ontem à noite, Khan está convocando muitos soldados. Uma dúzia de listas rascunhadas, cada uma com o nome de seu pai. O pai não tem um filho crescido, Mulan não tem irmão mais velho.


Ela decide adquirir um cavalo e sela, e alistar-se em lugar de seu pai. No mercado leste, ela compra um cavalo, no mercado oeste, uma sela. No mercado norte, ela compra um freio, e, no mercado sul, um longo chicote.


À alvorada, ela se despede de seu pai e de sua mãe, ao anoitecer, ela acampa às margens do Rio Amarelo. Ela não podia ouvir os pais chamando pela filha, apenas as águas do rio fluindo. À alvorada, ela deixa o Rio Amarelo, ao anoitecer, ela chega à Montanha Negra. Ela não podia ouvir os pais chamando pela filha, apenas os cavalos selvagens na vizinhança do Monte Yan. Viajando dez mil milhas ao encontro da batalha, passando montanhas e serras como se voando.


Ventos amargos carregam os sons do sino do vigia, uma luz pálida brilha em sua armadura de ferro. Generais morreram em uma centena de batalhas, os soldados mais fortes retornaram após dez anos. Eles retornaram para encontrar o imperador, o Filho do Céu sentado no palácio imperial.


Ele recordou seus méritos em doze pergaminhos, e concedeu centenas de milhares de recompensas. O Khan pergunta a Mulan o que ela deseja, um título de grande ministro não tem utilidade para Mulan. Ela pede uma montaria rápida para levá-la a milhares de milhas, e trazer a filha de volta para casa.


Quando pai e mãe ouvem sobre sua chegada, eles se apoiam até o portão da cidade. Quando a irmã mais velha ouve sobre sua chegada, ela se adorna e a espera em sua porta. Quando seu irmão mais novo houve sobre sua chegada, ele afia a faca e prepara o porco e a ovelha.


‘Abram a porta de meu quarto ao leste, eu sento no sofá de meu quarto ao oeste. Removo meu uniforme de guerra, e visto minhas roupas dos velhos tempos.’


De frente para a janela, ela prende seus cabelos macios como nuvem, no espelho, ela põe flores amarelas. No portão, ela encontra seus camaradas, eles ficaram todos surpresos. Lutando juntos por doze anos, eles jamais suspeitaram que Mulan fosse mulher.


Lebres macho gostam de chutar e pisar, lebres fêmeas têm olhos enevoados e acetinados. Mas se as lebres correm lado a lado, quem pode dizer qual é ele ou ela?”


Muitas variações da história de Mulan surgiram ao longo dos séculos. Em uma delas é dito que no período da guerra, ela teria conhecido um oficial, chamado Jin Yong (o que seria o Shang na versão Disney), por quem se apaixonou e casou. Numa outra versão, ao retornar pra casa ela teria ficado sabendo da notícia da morte de seu pai e, sentido-se triste e sozinha, e marcada irreversivelmente pela guerra, ela pôs fim à própria vida cometendo suicídio. Independente da versão contada, o desfecho de Mulan em nada lembra o final feliz da animação da Disney e não existia nenhuma criatura mágica ou um Shan Yu para enfrentar, mas suas qualidades morais e seu desejo altruísta de ajudar seu pai é algo sempre ressaltado e seus feitos celebrados. Mulan é uma heroína nacional na antiga lenda chinesa sendo um símbolo importante da força feminina na história de um país que tem como tradição submeter mulheres à posições inferiores na sociedade. Se fosse pra estabelecer uma comparação, Mulan foge totalmente dos padrões das princesas da Disney e está mais para uma Joana d'Arc chinesa.


Sim, foi dito no início da matéria que teremos um novo filme de Mulan. "Como assim?", você deve estar se perguntando. Em 2009 foi lançado o primeiro filme da encantadora guerreira intitulado Hua Mulan também conhecido como Mulan: Rise of a Warrior estrelado pela atriz chinesa Zhao Wei sendo bem diferente da versão de 1998 da Disney num tom mais sério e adulto mostrando todos os horrores da guerra, mas também enaltecendo toda a coragem de Mulan.



Sobre o lançamento do live action de 2020, com base no material que já foi divulgado, a que tudo indica, a nova adaptação, com a atriz sino-americana Liu Yifei no papel principal, trará uma proposta bastante divergente ao que foi mostrado na animação se assemelhando mais ao poema. Fato é que a mensagem de Mulan, a heroína que inspira gerações, mostra que as mulheres podem tomar as rédeas da sua vida e serem donas do seu próprio destino e que qualquer pessoa, homem ou mulher, é capaz de realizar grandes conquistas, se mantém viva até hoje e o novo filme chega em um momento em que é cada vez mais importante discutir sobre igualdade e representatividade dentro e fora de Hollywood.



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